quinta-feira, junho 16, 2005

Oito de trinta e três (Neil Young)

Lá onde te chegas um pouco mais perto de mim, lá onde as crianças dormem - é aí que eu estou ainda apaixonado por ti.

Lá onde ouves o que tenho para te dizer, lá onde continuamos estrangeiros - é aí que os frutos são colhidos, as celebrações feitas, as preces, os perdões. As cantigas. É lá que a Natureza cumpre as profecias.

Deixa a minha sombra espraiar-se ao longo da terra lunar - é mais forte do que eu, és mais forte, e Deus proíba que fiquemos de mãos vazias porque após uma noite vem outra noite - e é tudo uma grande noite, uma imensa noite mãe onde dançamos. Uma manta escura sangrando diamantes, um profundo vácuo de monstros, uma hibernação de eras e eras - separada por milhares de dias que nos enchem a alma de tempo.

Espero, pois, que dances pela noite fora nesta longa noite de colheitas: eu não te direi mais nada, e vou guardar este nada nos meus anos sem amor, em segredo, até que ele me encha com um substituto da tua companhia.

Vamos ser presos, vou esperar pelo Inverno. Já não tarda. E tenho a certeza de que vamos ver-nos outra vez, num destes dias estranhos que acontecem. Tangentes, coisas que resvalam e se apartam. A vida é assim tão generosa, tão cruel.


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