sexta-feira, julho 08, 2005

Oito de trinta e três (John Denver, James Taylor, Morrissey, fim)

Gosto de árvores. E gosto do hálito da manhã, do cheiro do calor no restolho das estradas e das árvores calcinadas no Verão – as ruas apodrecidas, ao entardecer, da minha terra natal. Gosto das ruas onde nasci à noite, cheias de recantos onde costumava esconder-me - as notas tristonhas de alguém que corre. Gosto de Setembro, e do vento frio sobre corpos morenos.

Das ruínas dos castelos e dos vestígios dos templos da Índia da minha infância. E das areias dos desertos, que estão mais perto dos meus lábios do que tu. Escorracei-me a mim próprio de tantos lados, e não precisava. É por isso que gosto das carruagens que correm pela planície em direcção ao mar, e dos céus azuis em dias mornos.

As senhoras do luar. Os pastores que vivem à chuva. A canção que os marinheiros cantam quando deixam de ver a costa. O meu Volvo a deslizar pelos Berkshires, no primeiro dia de Dezembro. Em mim, não tenho nada mais alegre para dizer.

Pessoas: preparem-se. Ando sem mágoa, mas sem facilidade, pelas ruas onde fui criado. E posso possuir estas coisas todas, posso ter as suas peles junto à minha, as vozes arfantes ao meu ouvido. No entanto, jamais poderei alcançar a matriz.


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