Rio das Pérolas (II)
Eu estou deitado na cama e o meu quarto (outro quarto) está cheio de gente e eu espreito e ela está deitada no chão ao lado da cama, a olhar-me, a sorrir-me, o pijama vestido, e ela mexe no cabelo – e eu amo esta recordação. Depois eu estou no lobby do hotel e não me lembro de mais nada a não ser de toda aquela gente à minha volta e eu sem perceber. E no Rio das Pérolas ninguém falava a nossa língua, ninguém gostava de nós, mas mesmo assim vivíamos como reis – pelo menos é assim que ela se lembra porque do Rio das Pérolas eu pouco mais recordo do que a água negra, os bichos estranhos que imaginava no fundo.
<< Home