Rio das Pérolas (III)
E eu estava seriamente em jet-lag e só queria fugir do calor e dia sim dia não tomava Halcion e mais umas coisas que agora não vou dizer, o que me fazia sonhar com macacos a dançar e me provocava ejaculações nocturnas. Acordava demasiado cedo com uma robot a falar em chinês mecanicamente, e eu tentava inutilmente falar com ela e a certa altura estava a gritar-lhe para se calar e só depois me apercebia que apenas tinha de poisar o auscultador. Descia ao jardim para ver as raparigas fazer tai-chi e tomava notas mentais dos movimentos do tai-chi, que normalmente se apagavam dez segundos depois. Bebia águas com gás enquanto as raparigas faziam tai-chi, depois voltava para o lobby do hotel e adormecia num sofá. Bebia outras coisas estranhas quando ninguém estava a ver. Máquinas fotográficas provocavam em mim a reacção instintiva de mostrar o dedo do meio. No McDonald’s os sundaes tinham amendoins.
E passava muito tempo sozinho e alguém se preocupava comigo e alguém me vinha sempre falar de Nietzsche e o meu companheiro de quarto chamava-se Milhafre – as pestanas demasiado grandes de quem dorme demasiado.
Em Hong-Kong andei à procura de lésbicas, não sei porquê; andei também à procura de uma máquina fotográfica. Em Hong-Kong experimentei misturar-me com os ingleses e fechar os olhos e tentar imaginar-me em casa. Não sei porquê. Comia muito, ia à casa de banho a correr mas quase nunca chegava a vomitar.
E passava muito tempo sozinho e alguém se preocupava comigo e alguém me vinha sempre falar de Nietzsche e o meu companheiro de quarto chamava-se Milhafre – as pestanas demasiado grandes de quem dorme demasiado.
Em Hong-Kong andei à procura de lésbicas, não sei porquê; andei também à procura de uma máquina fotográfica. Em Hong-Kong experimentei misturar-me com os ingleses e fechar os olhos e tentar imaginar-me em casa. Não sei porquê. Comia muito, ia à casa de banho a correr mas quase nunca chegava a vomitar.
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